Mas, e quanto aos sonhos dos tiranos que se realizaram? Os sonhos ruins são como pesadelos: nós os temos, mas logo tratamos de esquecê-los. Se os donos dos pesadelos não quiserem se desfazer deles, os outros o farão. Quanto aos bons sonhos, não os esquecemos e, quando outros sabem deles, logo querem sonhar conosco.
Porém, existe um sério perigo com os sonhos. Muitas vezes os exultamos ao extremo e ficamos presos a delírios, depois passamos ao sentimentalismo e ao piegas, depois estamos alienados e, logo, hibernamos e morremos. Os sonhos devem ser brasas e nós devemos agitá-las, nem tão forte nem tão suave, se não apaga.
Os sonhos só valem mesmo a pena se usamos razão, coração e pernas e braços. Eles devem nos mover para movermos o mundo.
No início, esse mundo te dirá "não", mas dize "sim" em teu coração e confia. O mundo é dos que sonham, mas gostam de estar acordados para realizá-los.
Inté...
Depois do Carnaval, um pouco de poesia, um pouco de palavras...
Uma agonia de aperrear todos os corações.
Uma vontade louca de gritar,
Do mundo inteiro, poder abraçar.
Ah, braços pequenos tu me deste, meu Deus,
Incapazes nem de abraçar os sentimentos meus!
Ah, voz pouca tu me colocaste,
Somente capaz de fazer o que para ela é praxe!
Raiva é o que tenho dessas palavras
Que dançam, manhosas, belas e apressadas valsas.
Furioso fico eu em não poder agarrá-las!
E trazê-las, prendê-las, domá-las!
Molecas é o que sois, palavras peraltas.
Escondem-vos; tendes é inveja da minha bela amada!
Tendes é desprazer por não seres o motivo
Da minha alegria e dessas minhas palavras.
Sois vingativas; agora é que nenhuma de vós me vem!
Não valeis, nem mesmo, um só vintém.
Somente porque falei essas grandes verdades
É que, agora, aumentas e enlouquecem-me esses teus velozes vai-e-vem.
Se eu fosse vós, palavras caprichosas,
Saía logo desses esconderijos idiotas.
E viria, até aqui, agora!
Para que possais ver as próximas auroras.
Se não vou jogar todas vós
Naquele abrigo que vive, sempre, a sós,
Empoeirado e à espera de alguém que, como eu,
Quer juntar as idéias nas palavras
Pra expressar todo o amor pelo grande amor seu!
Inté...
"Olha a cabeleira do Zezé, será que ele é? Será que ele é?"
"Você pensa que cachaça é água, cachaça não é água não..."
Bem, bem, Carnaval é um barato, devo admitir. Quem não gosta de jeito nenhum que atire a primeira serpentina. Pois é, a partir de amanhã não existe mais nada de real neste país: ninguém trabalha, os problemas são trocados por fantasias e as pessoas saem às ruas fingindo que estão felizes.
A cidade se veste de um faz de conta tão mágico que eu e você nos esquecemos de que outros João Hélio serão arrastados até a morte. Enquanto uns filhinhos de papai provam lança perfume e dão uns tragos na maconha, crianças são presas e espancadas por servirem a esse tráfico. Enquanto uns brincam de sensualidade e se jogam ao sexo grotesco, umas meninas estão ali, na esquina, esperando o mauricinho que vai descarregar seu cio acumulado.
Carnaval é liberdade e por isso é uma festa tão bela. Mas com a liberdade vem, em dobro, a responsabilidade, a maturidade, e isso nós não temos.
Que as cores sejam vivas para todos, que a alegria seja de todos. Mas que essa alegria não transforme seu coração e seus neurônios em confetes, de papel.
Inté...
Mas não no caso do BBB sem lei. Dois “engraçados” tiraram suas sungas e mostraram, a todo o mundo, suas nádegas. Já ouço: e a liberdade de expressão? Não confunda liberdade com libertinagem de expressão. Sabe a que horas esse programa passa aqui em Pernambuco? 9 horas da noite! Todo mundo está com a TV ligada, escancarando as “partes” alheias.
BBB é a novela real do país. BBB é o reflexo de um país afogado na vulgaridade e irresponsabilidade dos meios de comunicação. BBB é uma fatia do povo que está se divertindo a custa da exposição desumana porque passam seus participantes. BBB afoga e acostuma as pessoas à libertinagem pela qual passa o mundo; tudo está permitido. Quem educa, hoje, as pessoas, é a mídia. Quando a mídia diz às crianças que elas podem tirar a roupa quando querem, afirma que tudo é permitido.
É permitido tirar a roupa. É permitido roubar, matar... Exagero? Veremos daqui a alguns anos...
Esta criança, momentos após esta foto, morria! Sua agonia foi: após meses, isto mesmo, meses, ela chorava de tanta fome e já não conseguia andar, arrastava-se. Depois de algumas horas, caiu em terra, ficou imóvel, apenas seu olhar se movia e lágrimas contidas caiam de seu rosto, minutos depois, se foi! Pense em quantos talentos perdemos! Quem seria essa criança quando fosse adulta?