Quem "perde" tempo lendo palavras? Gastar os neurônios juntando letras e formando sentidos ou desconstruindo-os? As palavras...

em tempos de crise...



Terninho bonitinho este aqui do lado, hein? Pois, pois.
Confeccionado com pashmina e lã de vicunha, animal nativo da América do Sul, além de fibra qiviuk, retirada do raro boi almiscarado, encontrado no Ártico e na Groenlândia, o comprador pagou 70 mil libras (equivalente a pouco mais de R$ 227 mil) pelo fino corte.
São nove botões de diamantes e ouro 18 quilates. Para fazer a roupinha, foram necessárias 80 horas. Trabalhoso, hein? Imagine pagar...

O dia e a noite. Temporalmente, opositores. Visualmente, inimigos. Há, porém, um único segundo em que os dois se tocam. Vale uma eternidade.

no shopping

Mochila preta nas costas, camisa regata, calça branca, meio surrada, sandálias gastas. Até a porta (abre-fecha automática) são alguns passos. O suor pinga, a conta gotas, enquanto dá os suspiros calorentos finais, antes de entrar no maravilhoso ar condicionado.
Falta pouco, bem pouco. Já sente inveja de quem chegou antes e desfruta das alegrias do frio fabricado. Um, o outro, depois o outro. A porta abre e fecha, oferecendo o luxo das frias cidades dos pólos. Chega sua vez e...
A porta fecha. Dá dois passos para trás e ela abre. Dois passos à frente e, meu Deus, ela fecha! Abre. Fecha. Abre. Fecha. A essas alturas, o conta gotas foi aberto e jorra uma cascata de suor irritado. Chama-se o segurança. "Isso é preconceito porque sou negro", diz.
Já suando, de nervosismo, chega o segurança que obriga a porta, com uma chavezinha, a abrir-se e evitar um processo jurídico. Ufa, abriu.
(Baseado em uma cena real)