Filme

Terminado o filme, a discussão. Apesar das tentativas, não abro mão de dizer: o filme é, às vezes, irresponsável. Filme: "Meu nome não é Johnny".
Que fique claro: não sou nenhum crítico de cinema, nem entendo muitas coisas da arte, mas basta ter um olhar crítico mínimo para perceber que, por trás de tantas qualidades (o filme é bom), existe uma leviandade, talvez, velada.
Não será surpresa se o filme for sucesso total, afinal, é uma mistura de violência e humor; negro, diga-se de passagem. Misturando cenas de pancadaria com música animada e no estilo funk, não é exagero dizer que aí está a clara demonstração de violência banalizada.
Antes que se diga que filme também é entretenimento, é bom lembrar que isso é verdade, mas não sinônimo de imprudência, colocando todo tipo de gente para assistir a um filme que torna herói um traficante. Quero saber se Fernandinho Beira-Mar, depois de sair da prisão, será chamado para participar de entrevistas no Altas Horas, De Frente com Gabi e coisas do gênero.
A resposta também está no filme. O protagonista sempre foi querido no meio artístico e financiador de grandes festas regadas a muita maconha e cocaína. Volto a dizer: o filme é bom, os atores foram bem escolhidos, mas parece que faltou bom senso no roteiro e direção.
Bem, onde a fome já é tratada como algo normal, fazer humor com presídios lotados, violentos e "glamourizar" traficante parece normal. Normal para uma sociedade doente, que ri do filme, esquecendo-se que, longe das salas climatizadas, da pipoca quentinha e do refrigerante gelado, aquilo é realidade.

11 Responses to “Filme”

  1. # Blogger Beatriz Braga

    obrigada pelo "sociedade doente".
    ahuahuahauhauhauha
    muito obrigada!  

  2. # Anonymous Anônimo

    a minha opinião sobre o filme é meio ruim de ser colocada em um comentário aqui...

    mas sobre a sua opinião, acho que pegasse pesado em algumas partes... :P hehehe..

    n'Ele,

    Raissa  

  3. # Anonymous Anônimo

    Uiii, a gente é tudo doente!
    hahaha, brincadeirinha Gabii!

    Keka!  

  4. # Blogger Unknown

    Este comentário foi removido pelo autor.  

  5. # Blogger Julliana Araújo

    Naum vi o filme ainda, fiquei curiosa com o comentário. Mas pode ser, que essa banalização seja o reflexo da nossa sociedade. Que anda banalizando nossos problemas sociais.
    bjauummm  

  6. # Anonymous Anônimo

    Não queria discordar com o grande repórter da CBN (tinha ouvido falar e te escutei hoje falando sobre o assassinato dentro do presídio)...
    queria até parabenizar pela bela reportagem, havia visto no "Bom dia Pernambuco" e a sua matéria foi muito mais abragente e melhor elaborada.
    Enfim...

    Discordo quando falas que o traficante é posto como herói.
    O filme apenas narra a história de uma pessoa que errou, assumiu os erros, assumiu culpa sozinho, pagou por boa parte de seus erros e hoje vive muito bem em meio à sociedade. Uma história bastante parecida com as que escutamos vez ou outra num sábado a noite antes de um "belo" teatro, não acha?

    O filme retrata, sim, uma grande realidade da nossa sociedade. Corrupção policial. Presídios lotados. "Burgueses" usuários de drogas...

    Vejo as cenas nos presídios, não como enaltecedoras e humorísticamente "negras", mas como a imagem de um serviço esquecido e muito pouco trabalhado. A superlotação de celas (nos filmes) não deve ser vista como bricadeira, mas como realidade. A pancadaria que acontece lá por dentro, não vejo como chamados de atenção, mas vejo o rosto da nossa sociedade em todos aqueles presidiários quando um deles grita a seguinte frase: "Vamo circulando, ninguém viu nada, ningém viu nada"...

    Bem a nossa cara, não acha?
    Seres racionais incapazes de subirem em cadeiras para poder enxergar mais adiante. Continuamos então assim: "circulando, sem ter visto nada..."

    Peço que veja o filme sem o olhar crítico à nossa sociedade, mas olhando como o ser humano ainda é capaz de levantar e seguir adiante, mesmo passando por tantas adversidades na vida.

    Acredito que essa deva ser a grande sacada do filme: Ainda somos capazes de seguir adiante!

    Um grande abraço de um grande fã!
    Espero ter-me feito entender.
    (gugaah@gmail.com)  

  7. # Blogger Camila L. L.

    Este comentário foi removido pelo autor.  

  8. # Blogger Camila L. L.

    Acho que se pode ter duas posturas em relação ao filme: a primeira superficial, visando apenas as partes engraçadas e o final feliz do filme; a segunda crítica, olhando além de tais características.

    Para os dois tipos de análise, o filme é bom. Embora quem tenha a primeira visão esteja desperdiçando cenas que podiam levar a discussões mais sérias. Para quem assistiu o filme criticamente (e conseguiu "subir na cadeira", como foi dito acima), as cenas de "humor negro" realmente criticaram (talvez de maneira muito velada) a super-lotação dos presídios, a desonestidade dos policiais, etc.
    Enfim, acho que o filme agrada a maioria das pessoas, por isso está tendo sucesso.

    No entanto, fiquei com o pé atrás em relação a duas coisas:
    - Será que a recuperação rápida (ele passou só dois anos preso, não é?) e relativamente fácil do drogado/traficante não seria um certo apelo às drogas?
    - Será que a pequena pena de Johny tem alguma coisa a ver com sua posição social, ou ela também seria dada a um drogado/traficante da favela?  

  9. # Blogger Ana

    Oi Gabri!
    Não acho que o filme tenha tornado o protagonista um "herói" ou feito qq apologia a um estilo de vida. Acho q tentou mostrar a realidade de uma pessoa q fez opções equivocadas e que, portanto, teve conseqs graves.

    Ana Claudia  

  10. # Blogger Ana

    Ah! Mas concordo que nossa sociedade está doente.

    Ana  

  11. # Blogger Unknown

    Só pra constar:

    Camila L. L.
    Pelo que me recordo a pena de 2 anos em regime de reformatório foi dada pela Juíza que acreditou no conto de João e alegou que o mesmo não se encontrava de sã consciência para praticar os atos relatados...
    Outra alegação foi que o mesmo não seria capaz de reger a própria vida (visto que não tinha carros, atrasava as contas...), quem diria uma quadrilha, favela ou encabeçar uma rota de tráfico...

    A pena baixa foi exceção, dada por "pena" da Promotora...
    Hoje ela mesma diz que João Estrella é o exemplo de que as pessoas ainda podem mudar...

    Espero ter ajudado!  

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