Filha da noite,
Moro no beco.
Dos casados, o segredo.
Dos novos, o último bocejo.
Último bocejo antes do grito,
Do grito e suspiro.
Suspiro do primeiro rebentar,
Da ingenuidade, o se livrar.
Meus passos são lentos, vibrantes.
Minha carne pulsa, cortante.
Meus dedos tocam, delirantes.
Eu sou dos errantes.
Mais um que chega, mais um que sai.
Com ele, um pedaço se vai.
Comigo, o gosto, o nojo daquele rapaz.
E a esmola que ele deixou para trás.
A dor de nos ouvidos sentir
Todo aquele furor que não é para mim.
Tudo aquilo que se acaba ali.
Só o pó que fica aqui.
Em mim se joga.
E, toda, me prova.
E enquanto seu corpo é banhado de gozo
O meu é inundado, de choro.
Depois de findar seu trabalho
E descarregar seu cio acumulado,
Me olha com cara de escarro
E se vai, apressado.
Antes, lança sobre este farrapo
Aquilo, antes, combinado.
E eu fico sonhando com aquilo que foi meu, tão rápido.
E eu, em outra esquina a bradar:
Quem vai, agora, me debulhar?
Moro no beco.
Dos casados, o segredo.
Dos novos, o último bocejo.
Último bocejo antes do grito,
Do grito e suspiro.
Suspiro do primeiro rebentar,
Da ingenuidade, o se livrar.
Meus passos são lentos, vibrantes.
Minha carne pulsa, cortante.
Meus dedos tocam, delirantes.
Eu sou dos errantes.
Mais um que chega, mais um que sai.
Com ele, um pedaço se vai.
Comigo, o gosto, o nojo daquele rapaz.
E a esmola que ele deixou para trás.
A dor de nos ouvidos sentir
Todo aquele furor que não é para mim.
Tudo aquilo que se acaba ali.
Só o pó que fica aqui.
Em mim se joga.
E, toda, me prova.
E enquanto seu corpo é banhado de gozo
O meu é inundado, de choro.
Depois de findar seu trabalho
E descarregar seu cio acumulado,
Me olha com cara de escarro
E se vai, apressado.
Antes, lança sobre este farrapo
Aquilo, antes, combinado.
E eu fico sonhando com aquilo que foi meu, tão rápido.
E eu, em outra esquina a bradar:
Quem vai, agora, me debulhar?
Gabriel Marquim Márquez em "Memórias das minhas putas sebosas"... Aê gabriel inegável tua veia escritora. Parabéns!
E mais um que se faz identificar...
e mais um que é tão real e tão próximo. Quantos questionamentos não levantará? Quantos "eita, é mesmo" não escutarão as telas...
Será que "ser dos errantes" é errar também? ou é falta de opção?
Será que deixar "um pedaço ir com cada um que se vai" não é exploração demais?ou quem sabe ilusão? E aida...será justo inundar-se de choro enquanto o outro se inunda de gozo? Será que o combinado vale tanto esforço?
E o desprezo do "olhar de escarro"?Até quando aguentar?
Um dia, se Deus quiser, terão aquilo que merecem de verdade, e não só mais uma troca de gozo por uma quantia combinada que trás tantas impurezas para a "debulhada".
É, essa sensação lamentada é be conhecida...e o pior... nem "combinado" a gente ganha!
hunf!
aprendí o sentido da "misericórdia", literalmente falando...posso dizer simplesmenteque dá pra sentí-la na íntegra depois de ler algo desse tipo. Pq não consigo ver mais nada se não a miséria mais profunda de alguém que se deixa usar assim...o pior é que não somos ninguém pra condená-las, só quem sente a miséria (em todos os seus aspectos) é que pode realmente julgar-se, acho que o peso do próprio julgamento é ainda pior..bem, enfim...quando vc lançar seu livro me convide pra noite de autógrafos ok, marquim?? hehe mto bom mesmo...nossa senhoraa
bjo padim!
=**
massa (Y)
texto profundo :*
AEWWWWWWWWWWWW...
de fato, inegável tua veia escritora..
já disse que tu é a minha voz neh??hihihi..
muitoo bom isso aqui..muito bom
e esse LAMENTO?..perfeitooo..me fez lembrar o lamento do nosso CARTOLA, que num desabafo, cantou pra sua filha, que entrava nessa "vida"...
"Ouça-me bem amor
Preste atenção que o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões à pó
Preste atenção querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés."
AMO..até o fim.
PARABÉNS..MARQUIM
beijããããão.
Você tá ficando muito bom.