Quem não tem um sonho, não nasceu, não morreu, não viveu.

Era uma mulher com os seus 30 e poucos anos, e uma dúvida de qual seria a maneira mais viável de enterrar um morto da família. Lá estava ela ao telefone, em frente ao Instituto de Medicina Legal (IML), conversando, quem sabe, com outros parentes. E o questionamento era o seguinte: Tu acha que a gente enterra ele como indigente ou naum? Porque se for assim, a gente não paga nada, mas pra enterrar num caixão bem feio é 200 conto. Se for pra pagar eu não tenho dinheiro....

É aquela coisa da necessidade falar mais alto. Da falta de tudo, do acesso, do dinheiro, da cidadania. É aquela coisa de morreu e acabousse. Que é uma vergonha, que é o Brasil. E a culpa não é dela, pelo contrário, culpa nenhuma tem ela de não ter outra escolha.
(Julliana Araújo)